28.9.09

Desenho-te


Desenho-te, meu amor, embora ainda não conheça tua face. Desenho te imaginando bela e pura cogitando tuas nuances e curvas. Desenho-te com cabelos longos, à deriva no vento, espelho do sol. Desenho teu toque, teu cheiro, teu olhar e inebriado sinto tua mão, teu perfume e tua espreita. Desenho cada uma de tuas imperfeições, pois é em conjunto que elas te fazem perfeita.
Desenho-te, paixão, por linhas retas esperando as horas tortas, em que a vida, sinuosa, cruza nosso caminho. Desenho-te errado, porque é só ao seu lado que meu mundo será acertado. Desenho-te em branco e preto, porque tua presença traz as cores do mundo. Desenho-te em rascunho, e depois confirmo em nanquim, para te decorar.
Desenho-te criança, para repetir a mim que sempre de ti deverei cuidar. Desenho-te moça, para dizer a mim que a cada novo dia deverei te conquistar. Desenho-te mulher, para confirmar a mim que sempre hei de te amar. Desenho-te senhora, para me certificar de que contigo para eternamente vou ficar.
Desenho-te, minha vida, templo do meu amor-maior, porque é diante de ti que cairei de joelhos a te venerar. Desenho-te comigo na cama, nas horinhas do amor, nos momentos em que somos a expressão máxima de nossos sentimentos. Desenho tuas mãos, guiando minha vida por este mundo que me fazes feliz. Desenho-te.



Imagem de Sujit Sudhi.

1 comentários:

Márcio Bergamini disse...

Da arte de compor em palavras e imagens, o mais belo é a sublimação, o desejo da imaginação que torna tudo tangível em realidades virtuais, que se cruzam com a objetividade.