12.9.09

Caminhante

para Alexandro

Caminante no hay camino,
se hace camino al andar.

(Antonio Machado)


Ao primeiro passo, realizou a longa travessia, vislumbrou o caminho que se perdia no horizonte. Ao primeiro passo, estufou o peito, encheu-o de coragem e iniciou a caminhada.
Não havia pressa para chegar; não havia laços a ficar. A cada passo, a certeza na alma, o autoencontro. Cada quilômetro vencido era uma milha de experiências que, finas como o pó, deentraram seu eu e passaram a fazer parte do seu íntimo.
As dores sobrevieram, os calos, também o cansaço. Mas era a certeza duma recompensa maior o ímpeto de seguir em frente. E dor foi vencida, os calos e o cansaço.
Cada dia naquele caminho o tornava dono dum trajeto próprio: embora fossem muitos os peregrinos, aquele caminho era só seu. Não que fosse egoísta, mas porque as emoções, angústias e alegrias são individuais e assim cada caminhante faz, ao andar, o seu caminho.
Trinta dias depois, avistou ao longe a chegada. E olhar para trás foi como se olhar menino; foi lançar olhos a um passado distante e perto. Embora a feição ainda fosse a mesma e a aparência pouco tivesse mudado, era de fato outro homem. Mais maduro, mais experiente.
Diante da catedral, sentiu-se pequeno, quase que encolhido; mas foi só adentrá-la que se deu conta de que o lugar era para gigantes.


Imagem: Alexandro Kurovski, no caminho de Santiago de Compostela.

1 comentários:

Anônimo disse...

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