30.10.09

A mariposa


Ela o avistou de longe. Cabelos flamejantes, longos; que pareciam crepitar conforme a luz incidia. Era um homem alto; maior ficava quando foi se aproximando dele. Ela se achegou insinuando-se: andar sibilante, sinuoso, exibindo suas curvas. E, numa tentativa de conquistá-lo, esvoaçou seu cabelo castanho claro (quase beirando o loiro), mas era ela quem estava seduzida. Atraída, caminhava ritmado em sua direção.
Ainda nem tão próxima, ela já sentia seu calor; um calor envolvente e aconchegante e de súbito, sentiu a pele ouriçar, o passo cambalear e um lépido arrepio chispou-lhe o corpo. E ela voou a ele. Tão inebriada não atinou a loucura de atirar-se nos braços daquele homem cabelo cor de fogo; tão envolvida não pensou a insensatez de mergulhar no calor daquele corpo; tão seduzida não mirou a insana fantasia de entregar-se.
Porém não tinha mais volta, não podia voltar; de tudo só lhe interessava estar com ele. Quando ela chegou bem perto, ele a abraçou e ela sentiu seu corpo mais quente que antes. Não apenas quente, era um quente mais que quente, um quente que pelava, um quente que queimava, um quente que derretia. Em seus braços, ele a conduziu para seu colo, despiu-lhe a blusa e beijou-a, subindo pelo pescoço, ladeando a nuca, até chegar à boca.
Ainda envolvendo-a, deitou-lhe. E ficou mais quente, tão quente que seu cabelo avivou mais ruivo, quase incandescente; e os fios dela aos poucos enegreceram até ficarem queimados por completo. Tão quente que se fundiram. Tão quente que o fogo dominou e devorou a mariposa.


Imagem de autoria desconhecida.

Inspirado em: http://www.youtube.com/watch?v=tZN-IV9yH7g

22.10.09

Valiosa


Da sua coleção de moedas, a mais valiosa de todas não era dólar raro, nem a império, tampouco a de ouro maciço.

Era a que ganhou quando completou um mês sóbrio.


Imagem de autoria desconhecida.

18.10.09

Humanos demais


Tantas idas e vindas, tantos caminhos desencontrados, tantas feridas abertas, tantas noites insones. Depois de tudo, um simples beijo e o tempo sem-fim.


Imagem de autoria desconhecida.

6.10.09

Sinto-te


Sinto teus lábios beijando meu rosto, enquanto tua mão me faz um cafuné. Sinto teus beijos passarem meu corpo, numa viagem mágica e insana. Sinto-te nos abraços, nos afagos, nas carícias. Sinto-te no olhar que me hipnotiza, nos braços que me envolvem, nesse tempo que me fazes parado.
Sinto teu corpo quente, templo de adoração do meu amor-maior. Sinto-te unido a mim. Sinto tua pele macia, tua mão entrelaçada a minha: certeza do teu apoio e companhia. Sinto teu cheiro, paixão, névoa presente das horas em que não estás comigo: tenaz alegria minha.
Sinto teus cabelos encaracolados perderem-se entre meus dedos, enquanto admiro teu olhar pequeno. Sinto-te os lábios, naquele beijo que te roubei. Sinto tua presença no ontem, no hoje, no eterno-sempre. Sinto teu sexo, lascivo e demente, que me leva a sonhos nunca dantes viajados.
Sinto-te louco, sano, homem, criança, amado, amante. Sinto-te no pouco que te conheço, no muito que te descubro, no todo que te exploro. Sinto-te no pouco de mim que em tudo de você. Sinto-te.


Imagem de autoria desconhecida.