4.2.10

Em ti, Curitiba


Há em ti, Curitiba, um quê indescritível. Há nas tuas gentes anônimas, solitárias e alheias a simplicidade cândida; às vezes lhes tenho raiva do provincianismo, mas quando olho suas feições caipiras, citadinas, curitibanas vejo-as e vejo-te em mim. Curitiba teu nome é meu sangue: de ti sou pinhão nascido e te faço a terra dos pinhais.
Há nas tuas ruas estreitas, trôpegas, labirínticas o emaranhado vital de minhas veias pulsantes. Há no teu gelado ar abafado de inverno aquela dose pouca, porém necessária, de vida precisa. Há em tuas árvores, meu descanso na loucura.
Há em teu retrato meu passado longínquo e meu futuro incerto. É na tua memória que monto meu presente, igual aos ladrilhos de tuas calçadas desenhadas. Curitiba, tu me desenhas, delineias meu corpo nas tuas páginas não escritas, sou de ti um personagem, quiçá reles antagonista, um boêmio de teus inferninhos obscuros.


Imagem de autoria desconhecida.

3 comentários:

Guss disse...

quem sabe haverá um tempo que conhecerei Curitiba e ela fará (pelo menos um poquinho) parte de mim também.

LUDMILA BARBOSA disse...

É sempre assim?! Em qualquer lugar que vou tem algum amigo, conhecido ou desconhecido que fala de Curitiba como se fosse uma cidade mágica capaz de qualquer coisa. E quando pergunto por que, sempre me dizem "quando você for lá, saberá". Mas eu nunca fui, e minha curiosidade continua intacta.

lucas gandin disse...

De fato, é inexplicável, é Curitiba. Venha pra cá q vc descobre...
bjo