18.1.10

Estrela


Entrou no mar e pediu que as ondas levassem o pó do ano acumulado e lavou-se daquele azar encalacrado de sua pele. Mergulhou como se conhecesse, íntimo, aquelas águas salgadas; mergulhou fundo, sonhando atingir as profundezas e lá achar algum tesouro perdido.
Que não existia, mal e mal viu algumas algas e, de longe, um cardume vindo em sua direção. Eram peixinhos pequenos, que reluziam o pouco de luz que lhes atingia; e bailavam um em torno do outro, piruetando e sibilando na correnteza.
Não fizeram menção de desviar dele, aliás parecia que iam ao seu encontro propositalmente. Ele estendeu os braços, convite para receber o cardume em mãos. Sentiu os peixes tocarem seus dedos e envolverem suas mãos. Quando eles se dispersaram, percebeu que eles tinham lhe dado um presente: uma estrela do mar.
Retornou à superfície, trazendo o seu presente.
Na volta, notou o céu escuro, mirou o firmamento à procura de alguma estrela, mas não as achou. Embora o céu aberto, elas haviam se escondido.
Ao se aproximar de sua casa, fitou o céu novamente, tomou a estrela do mar e estendeu-a diante de si, como se quisesse colocá-la no céu. E foi que ao lado dela, brilhou uma estrela e pouco a pouco as demais estrelas se acenderam naquela imensa escuridão até o céu diante de si brilhar como o dia e então sentiu a brisa da sorte lhe envolver.


Imagem de autoria desconhecida.

1 comentários:

Alexander José de Freitas disse...

Precisa urgentimente se encontrar, sabe o caminho, só teima em não ir, por que o medo de acertar?