8.5.08

Vitalidade


Acordou descansada, sentindo-se mais jovem, numa vitalidade há anos esquecida; e animada para caminhada no parque ao sol ainda leve da manhã. Não tinha idéia de quantos anos fazia que acordava com o sol a pino do meio-dia, estafada mesmo tendo dormido por horas e horas.
Ficou em dúvida se corria ou caminhava, mas a vontade de algo mais pesado incentivou-a a correr; começou devagar, mas logo aumentou o ritmo como se preparasse para uma competição. Não sentia cansar: quanto mais corria, mais queria continuar e sentiu que não queria apenas correr, mas desejava também pular, dançar, soquear o ar, dar cambalhotas, rolar no gramado do parque.
Sobretudo, porém, corria feito criança serelepe, esquecendo-se do mundo e imergindo na sua pueril brincadeira da manhã de domingo. E pulava e corria e girava cambalhotas e subia em árvore e dançava feito criança que era; e de fato era criança.
Parou apenas para se refrescar com um picolé, já matutando as próximas brincadeiras que saciaria pelo parque. Foi quando viu uma senhora se aproximar e falar uns bá bá bá bu bu bu, que nada compreendeu; fitou aquela senhora tentando compreender se louca era ou estava lhe mangando. A velha, antes de ir-se, soltou um riso curto, divertindo-se em ver aquele bebê de pouco mais de um ano de idade lambuzar-se com o picolé.


Imagem: There is always hope, de FriskyPics.

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