23.5.09

O mar


Sentaram-se na areia a tentar enxergar na escuridão da noite já adiantada as ondas quebrantando na areia. Vez em quando, uma e outra rompiam em marulhar no alto-mar.
Não havia lua, nem aquela paisagem bela com fogueira, barraca e outras coisas que os amantes costumam montar para uma noite de amores na praia. Eram apenas os dois, a olhar o mar calmo. Não se abraçaram, porém, nem sentaram coladinhos lado a lado.
Naquela noite, lá em casa, senti-me atraída por você, disse trazendo lá do alto mar uma daquelas ondas que arrebenta destrutiva. Pegou na mão dela, permitindo sentir os dedos gelados de suor e conduziu-a ao peito. O coração, este sim estava como dizem todos a mil, batendo acelerado, nervoso, talvez estivesse esse coração num barco a deriva lá no meio do horizonte sendo cambaleado pelas ondas que teimavam em derrubá-lo.
Olharam-se nos olhos e sua boca ensaiou um sorriso maroto, meio moleque, safado, mas inescapável, completando a frase que havia dito.
"Não imagina como esperei essa frase", respondeu. E no mesmo agito nervoso do mar, encontraram-se os lábios, as mãos se entrelaçaram, os corpos se atraíram, os olhos deixaram-se sonhar.




Imagem de Emília Duarte.

0 comentários: