8.4.08

A partida


Decidiu partir. Não fez mala, nem separou roupa. Ajuntou alguns objetos e enterrou-os numa gaveta qualquer. Ainda encarou seu passado, que o observava de espreita. E percorreu cada cômodo, tocando com a ponta dos dedos as paredes e os móveis; última tentativa de recolher o pouco de vida sua espalhada pela casa. Perdeu-se olhando algumas fotografias, outras marcas do seu passado que voltava para enfrentar-se com sua vida. Aos poucos tudo virou um inquietante mausoléu. Ao abrir a porta, um corredor longo tinha sua escuridão quebrada por um ponto claro. Antes de fechá-la, apagou a luz e os seus olhos pararam de brilhar.


Imagem de autoria desconhecida.

2 comentários:

Anônimo disse...

Uau, o que você quer dizer com isso? Um texto de beleza velada e fúnebre? Ou é só impressão minha?

Anônimo disse...

acho q o conto permite algumas e variadas interpretações... por msn comento qual seria a minha...