28.7.07

O outro lado da rua


Olhou-me duas, quiçá três vezes, até me reconhecer e me reconhecendo seus olhos estalaram, numa reação de querer fugir e querendo fugir não acelerou o passo nem mudou a rota, como se quisesse por algum motivo fitar-me o tempo todo e querendo fitar-me o tempo todo parecia apaixonada e parecendo apaixonada seu coração procurava nalgum canto de sua mínima razão o antídoto e procurando o tal antídoto se deu conta de que não conseguia parar de olhar-me. Também a olhei, para forçá-la me reconhecer e a forçando me reconhecer também realizei que estava apaixonado e estando apaixonado quis beijar-lhe a boca, afagar os cabelos, tê-la em meus braços e tendo-a em meus braços, o tempo pararia para que só houvesse nós dois se amando no mundo e nos amando seriamos um só corpo e uma só alma. Mas não corremos para junto do outro, nem sinalizamos gestos apaixonados... apenas trocamos olhares sinceros, de cumplicidade, eu cá e ela no outro lado da rua.

Imagem do filme "O efeito borboleta".

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