3.4.09

Da torre de Antonina


Acudam El-Rey, acudam-no, bradava o arauto. El-Rey havia deixado a guarda, desmontara a vigília do alto da torre de Antonina e os navios alemães bombardearam o forte. Quanto tempo, quantos anos, quanta horas perdidas, quanto alerta. Uma milha a mais e os alemães seriam derrotados, lamentava a corte. Agora o caminho estava aberto para a investida germânica; minutos e Curitiba capitularia.
E chamaram o médico da corte e trouxeram o general, comandante da brigada. Haveriam de esperar que o inimigo alemão pusesse a cabeça de fora da toca para atacar-lhe em revés. Mas e El-Rey, sobreviveria ao ataque? Mas e El-Rey, comandaria forte o contra-ataque?
E disse o general, comandante da brigada: ataquemos pelo sul, protejamo-nos na base da torre, reforcemos o forte, que um só golpe liquidamos o invasor. E disse o médico: salvaguardemos El-Rey, salvemos-lhe a vida, com El-Rey em vigia, Curitiba não capitula.
E El-Rey remonta a guarda e o exército se aglutina. Quanta movimentação, quanto suor, quanta tática traçada, quanta força demonstrada. E soa o sino da igreja a melodia da vitória, soa o sino da capela a música da reviravolta: a guerra quase perdida agora está vencida. E do alto da torre de Antonina, El-Rey vigia: protege seus súditos, protege seu castelo; brilha-lhe a astúcia, brilha-lhe a coroa.




Imagem: Torre de Belém, de Ricardo Gil.

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