E suam e se enrolam e se embolam um no outro, exploram-se como caçadores da arca perdida em busca do santo graal. Se encaixam e seguem rumo juntos, no mesmo ritmo e mesmo trote, embalados pelos sons grunhidos ao ouvido do outro.
Deslizam noite adentro, perdidos no breu sem rota ou destino certo: travessia rumo ao paraíso cá na terra, iluminados à luz da chama acesa lá no escondido do olhar de cada um. Ele a domina e ela deixa ser dominada, mas também explora à noite seu corpo forte, o quer todo para si e por isso prende-se nele, agarra-se aos seus braços, arranha suas costas.
Rolam encosta abaixo, rolam defronte ao mar da tranqüilidade, embolam-se e já não é mais possível vê-los dois, são um, apenas um. Ele a toma pela mão e a guia noite sem-fim ao descampado, onde deitados, ele a leva para outros mundos distantes, a eleva às estrelas, cálidas e cintilantes no escuro celeste. Ela se deixa levar, fecha os olhos e viaja àquela fantasia, são suas todas as estrelas que se multiplicam, explodem e se apagam.
E o beijo vem, subindo, já avistando o ponto de chegada e por isso cede velocidade, avança compassado, deixando rastro pelo trajeto, primeiro circula o recôncavo da barriga, escala os peitos, subindo e descendo espiralado, atinge o pescoço, cada recôndito mais inalcançável, serpenteando o traçado e por fim encontra seus lábios, amortecidos de amor.