28.7.07

Eternamente divagar


Mire e aperceba, que lá, a algumas léguas e meia daqui, num canto mais longe que minhas idéias de lonjura desenham, lá nos arrabaldes donde nem conheço, há um moço, moço-rapaz dos olhos acastanhados. Parece que ele é meio amalucado, feito doido, sabe?, mas sei bem que tem nele quê de estranho, só que um quê de estranho de bom, quê de estranho que me transmite alegria e essa paz calma que sinto assim aqui dentro. As vontades é de estar lá, com ele, perdido na louca fantasia de sentir seu lábio num beijo roubado, só quer num beijo roubado e depois fugido, pra que esse moço-rapaz embeste de tomar a si de volta o que lhe roubei. As vontades também é de brincar com seu corpo, sentir de frio a quente a cada passo avançado dos meus dedos, e assim caminhando por entre vales e morros, florestas e pampas findar a viagem no paraíso cá na terra. Já encaxolei que um dia embesto de romper as léguas; um dia desses me arranco daqui, pé na rua rumo ao norte, coração guia de minha de viagem. Mas quero chegar de mansinho, assim sorrateiro, nem barulho nem sobra nem cheiro; na surdina, tapar seus olhos e trazer seus lábios ao meus... mire que já estou sim nem sei como dizer como. E ao lado dele, o rodopiar dos dias quero bem lento pra que um dia seja dois e meu passar com ele, dobrado; quero tudo errado pra com ele fazer acertado e o tempo assim parado, pra com as idéias nos beijos dele eternamente divagar.


Imagem de autoria desconhecida.

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