20.2.10

A volta da Geni


Geni partiu escorraçada; mal teve tempo de juntar a roupa do corpo e alguns pertences numa trouxa. Saiu, deixando o pouco de dignidade ao lado da calcinha no chão do quarto. Trespassou o bosque da cidade com uma horda em seu encalço: lideradas pelo bispo, as mulheres vestiram-se de preto e, em procissão e de cruzes em punho, clamaram pelo decoro. O prefeito, este dizia que a moralidade voltaria a reinar na cidade; algumas crianças ajuntavam pedras do chão.
Pobre Geni, salvo-os com sua honra, que agora lhe condenara ao exílio. Antes de se embrenhar na mata, fitou a cidade, mirou o céu; ao longe, diminuto, ia o zepelim. Mas de deu conta de que trazia em sou trouxa o milhão que lhe dera o banqueiro.
De vingança, planejou: numa noite qualquer plantou na praça da cidade, de fronte à igreja, uma estátua sua, de bronze, sentada num zepelim de mesmo material. A peça era grande o bastante para ser vista de qualquer beco estreito da cidade.
E comprou um zepelim, com o qual flutuava sobre a cidade todos os dias em ameaça: se destruíssem a estátua ou removessem-na da frente da igreja ou trocassem o templo de lugar, seria ela que abriria os dois mil orifícios e, com os dois mil canhões, faria a cidade em geleia.


Imagem de autoria desconhecida.

1 comentários:

Francisco disse...

rá! maravilhoso huahuahuhauuaha

adoro essa música. curti demais o texto.