Quando retornou, estava maduro, demasiado, e já firme na vida. De longe, enquanto o carro se aproximava, bisbilhotava pela janela de ansioso. Era a mesma casa de quando partiu, com as paredes caíadas descascando, só agora mais velha. Na varanda as mesmas cadeiras de balanço de sempre, na porta a mesma cortininha de renda de sempre, no jardim as mesmas rosas selvagens de sempre. A cerca, esta estava em ruínas, com as madeiras apodrecidas e já sem o propósito ao qual se propunha.
Numa das cadeiras de balanço, uma senhora, magra, definhando a vida, olhava inerte ao longe, com os olhos azuis perdidos no longe bem longe. Os cabelos já ralos e despenteados eram a certeza que ela esperava sua hora – sem disso saber.
Aproximou-se dela, um tanto cândido, e a senhora esboçou-lhe um sorriso e disse-lhe: viu o meu Jim? o meu pequeno Jim? Quedou o olhar, alisou as mãos enrugadas, porém nada lhe disse.
Entrou na casa e tudo estava como sempre, a sala com os sofás de vime, a cristaleira, os quadros, as cortinas de renda, os relicários espalhados em cada canto, os bibelôs de porcelana. Foi uma olhada rápida, intencionava logo subir ao quarto.
Que estava como sempre: a cama arrumada, os carrinhos de madeira num canto ao chão, a escrivaninha com alguns livros em cima, o armário... tudo impecavelmente simples e limpo, como havia deixado quando partiu. Sob a cama havia uma de suas calças, das curtas, que costumava usar àquela idade.
Abaixou-se e tomou um carrinho de madeira, agora tão pequeno em suas mãos de homem, e rememorou as histórias inventadas quando brincava com ele. Sentou-se na cama e teve a impressão de estar já grande demais para ela. Tudo naquele quarto insinuava-se pequeno; até mesmo o despertador, com ponteiros tão diminutos de ver.
E foi que sentiu o quarto encolher, como se as paredes e o teto intencionassem apertá-lo e sufocá-lo, pois era adulto demais para aquele mundo que deixara, era grande demais para o mundo de sua infância, e nele já não mais cabia. Sentiu dificuldade para respirar, mas a janela também havia ficado menor... menor.
Quis sair daquele quarto, estava sufocando-se nele, estava deslocado nele – não podia mais reviver aquele mundo de há muito deixado. E ao se levantar teve de ser curvar, porque era grande demais para o quarto e ao sair precisou de se abaixar.
Fora, consentiu que aquele quarto e aquela casa haviam ficado tão pequenos que já não cabia mais neles; e já não eram mais seus. Eram do pequeno Jim que fora e por quem a senhora esperava.
Numa das cadeiras de balanço, uma senhora, magra, definhando a vida, olhava inerte ao longe, com os olhos azuis perdidos no longe bem longe. Os cabelos já ralos e despenteados eram a certeza que ela esperava sua hora – sem disso saber.
Aproximou-se dela, um tanto cândido, e a senhora esboçou-lhe um sorriso e disse-lhe: viu o meu Jim? o meu pequeno Jim? Quedou o olhar, alisou as mãos enrugadas, porém nada lhe disse.
Entrou na casa e tudo estava como sempre, a sala com os sofás de vime, a cristaleira, os quadros, as cortinas de renda, os relicários espalhados em cada canto, os bibelôs de porcelana. Foi uma olhada rápida, intencionava logo subir ao quarto.
Que estava como sempre: a cama arrumada, os carrinhos de madeira num canto ao chão, a escrivaninha com alguns livros em cima, o armário... tudo impecavelmente simples e limpo, como havia deixado quando partiu. Sob a cama havia uma de suas calças, das curtas, que costumava usar àquela idade.
Abaixou-se e tomou um carrinho de madeira, agora tão pequeno em suas mãos de homem, e rememorou as histórias inventadas quando brincava com ele. Sentou-se na cama e teve a impressão de estar já grande demais para ela. Tudo naquele quarto insinuava-se pequeno; até mesmo o despertador, com ponteiros tão diminutos de ver.
E foi que sentiu o quarto encolher, como se as paredes e o teto intencionassem apertá-lo e sufocá-lo, pois era adulto demais para aquele mundo que deixara, era grande demais para o mundo de sua infância, e nele já não mais cabia. Sentiu dificuldade para respirar, mas a janela também havia ficado menor... menor.
Quis sair daquele quarto, estava sufocando-se nele, estava deslocado nele – não podia mais reviver aquele mundo de há muito deixado. E ao se levantar teve de ser curvar, porque era grande demais para o quarto e ao sair precisou de se abaixar.
Fora, consentiu que aquele quarto e aquela casa haviam ficado tão pequenos que já não cabia mais neles; e já não eram mais seus. Eram do pequeno Jim que fora e por quem a senhora esperava.
Imagem de Philippe Gillotte.
1 comentários:
Olá;
Passei para dizer que estive por aqui!!! hehe
Vc sabe que sou uma fã!
Beijos
Fabiane
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