25.3.11

Da fábula das horas que valem por minutos

para ti, porque te amo.


Se encontraram pelo olhar, de destinos cruzados. E seguiu-se o beijo e mais outro – de repente as roupas no chão. Aí, aprenderam a se conhecer: um tinha viagens a fazer, outro aulas a ministrar; um pendia a metódico, o outro um pouco despreocupado demais; um dormia no quarto escuro, o outro com a luz anunciando dia.
Em meio às obrigações de cada um, os minutos se multiplicaram e o dia ganhou horas a mais, posto que mesmo com viagens e aulas, palestras e oficinas, projetos e estudos, eles iam trilhando um caminho nunca dantes extraordinário.
No rodopiar dos dias, seguiram e os minutos se somaram e foram horas. Horas todas paradas, de eterno-sempre, de felicidade clandestina, de suspiros surrupiados, de uma coisa simples de sentir e difícil de palavrear, mas que não há ninguém que explique e quem não entenda.
Já eram tantas as horas, de algarismos enfileirados, que precisam eles dividir em dias, em semanas e em meses e eles somavam seis – sem adicionar as horas do dia de hoje e de ontem. E quando passarem as de amanhã e depois e todas as horas a seguir, haverão de dividir os meses em anos. Mas serão ainda aquelas horas paradas, nas quais o mundo gira apenas para os outros.
E quem olhe de cima, pairado à linha dos acontecimentos, verá que essas tantas horas valeram por minutos.


Imagem de autoria desconhecida.

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