Ainda nem tão próxima, ela já sentia seu calor; um calor envolvente e aconchegante e de súbito, sentiu a pele ouriçar, o passo cambalear e um lépido arrepio chispou-lhe o corpo. E ela voou a ele. Tão inebriada não atinou a loucura de atirar-se nos braços daquele homem cabelo cor de fogo; tão envolvida não pensou a insensatez de mergulhar no calor daquele corpo; tão seduzida não mirou a insana fantasia de entregar-se.
Porém não tinha mais volta, não podia voltar; de tudo só lhe interessava estar com ele. Quando ela chegou bem perto, ele a abraçou e ela sentiu seu corpo mais quente que antes. Não apenas quente, era um quente mais que quente, um quente que pelava, um quente que queimava, um quente que derretia. Em seus braços, ele a conduziu para seu colo, despiu-lhe a blusa e beijou-a, subindo pelo pescoço, ladeando a nuca, até chegar à boca.
Ainda envolvendo-a, deitou-lhe. E ficou mais quente, tão quente que seu cabelo avivou mais ruivo, quase incandescente; e os fios dela aos poucos enegreceram até ficarem queimados por completo. Tão quente que se fundiram. Tão quente que o fogo dominou e devorou a mariposa.