Tenho frio, disse o menino. O velho retrucou em grunhido: humpf; e voltou a dormir. O menino sentou-se na cama e puxou o cobertor que estava sob os pés do velho; o velho despertou e disse: não! este cobertor é meu, onde está o que é teu? O cobertor do menino estava roto, puído e com alguns rasgões, era curto e fino, deixava seus pés descobertos, aumentando a sensação de frio; o menino novamente tentou pegar o cobertor que havia aos pés do velho, mas desta vez levou um tapa forte na mão. O velho puxou a coberta para o meio de suas pernas, virou-se e dormiu.
O menino levantou-se da cama e aninhou-se num canto do quarto, comprimindo-se ao máximo para se aquecer e também conseguir se cobrir com seu pedaço de pano. Não conseguiu dormir, acordou em meio ao frio que lhe cortava os pés. Calçou os sapatos gastos, abriu a porta e saiu. Antes olhou para o velho dormindo na cama, não com raiva, nem tristeza, com pena. Fora estava tudo coberto de neve, duma brancura assustadora e a nevasca era intensa, o vento forte, mas ele teria de ser mais forte se quisesse vencer o frio e caminhou na escuridão da noite, perdendo-se na neve. O velho não levantou, sequer deu pela falta do menino.
O menino seguiu seu rumo e caminhando na neve foi como se entrasse num túnel, um longo e silencioso túnel e não se percebeu que quanto mais nele andava, mais envelhecia. Sua única intenção era vencer o frio e, embora frio estivesse e nevando também, não sentia a neve grudar em suas roupas, nem congelar ao redor de sua boca. Era mais forte que o frio e o frio foi sendo vencido. Quando o sol nasceu já não havia mais a nevasca nem o vento cortante e ele já não sentia os dedos doerem.Quando parou para ver o horizonte, o sol nascendo ao longe, percebeu que havia envelhecido e era homem feito, com a barba grande e o corpo maduro e sentiu-se vivo, mais vivo que antes, sentiu-se vencido e fortalecido. Tomou fôlego e continuou seu rumo, livre e solto, leve para seguir seu rumo. Mas ao segundo passo ouviu lhe chamarem: menino... menino... Era o velho, agora mais velho, que vinha ao seu encontro; agarrando-o em seus braços disse-lhe: leva-me contigo menino... não me deixa só. O menino desvencilhou-se do velho e disse: não estás só, tens teu cobertor; e partiu deixando o velho para trás.
O menino levantou-se da cama e aninhou-se num canto do quarto, comprimindo-se ao máximo para se aquecer e também conseguir se cobrir com seu pedaço de pano. Não conseguiu dormir, acordou em meio ao frio que lhe cortava os pés. Calçou os sapatos gastos, abriu a porta e saiu. Antes olhou para o velho dormindo na cama, não com raiva, nem tristeza, com pena. Fora estava tudo coberto de neve, duma brancura assustadora e a nevasca era intensa, o vento forte, mas ele teria de ser mais forte se quisesse vencer o frio e caminhou na escuridão da noite, perdendo-se na neve. O velho não levantou, sequer deu pela falta do menino.
O menino seguiu seu rumo e caminhando na neve foi como se entrasse num túnel, um longo e silencioso túnel e não se percebeu que quanto mais nele andava, mais envelhecia. Sua única intenção era vencer o frio e, embora frio estivesse e nevando também, não sentia a neve grudar em suas roupas, nem congelar ao redor de sua boca. Era mais forte que o frio e o frio foi sendo vencido. Quando o sol nasceu já não havia mais a nevasca nem o vento cortante e ele já não sentia os dedos doerem.Quando parou para ver o horizonte, o sol nascendo ao longe, percebeu que havia envelhecido e era homem feito, com a barba grande e o corpo maduro e sentiu-se vivo, mais vivo que antes, sentiu-se vencido e fortalecido. Tomou fôlego e continuou seu rumo, livre e solto, leve para seguir seu rumo. Mas ao segundo passo ouviu lhe chamarem: menino... menino... Era o velho, agora mais velho, que vinha ao seu encontro; agarrando-o em seus braços disse-lhe: leva-me contigo menino... não me deixa só. O menino desvencilhou-se do velho e disse: não estás só, tens teu cobertor; e partiu deixando o velho para trás.